terça-feira, 25 de agosto de 2009

Carpe Diem

Eu acho que o ideal de carpe diem geralmente está envolvido com intenções hedonistas e até individuais.
O que é interessante do carpe diem é que ele instiga ao "aproveitar a vida", quase como se deveríamos aproveitar ao máximo da vida, justamente por ser a única que temos; não existe passado e futuro, que são quase conceitos abstratos neste caso, mas somente existe o agora em constante movimento.

Acho que não deve-se excluir o passado e o futuro, mas que no carpe diem, eles têm menos importância que o agora. O "agora" e o consequente, "aproveitar o agora", são a essência.
Em termos específicos, ao fazer uma atividade deve-se primeiro aproveitá-la e o "resultado" fica quase de lado - obviamente que algum resultado é esperado, porque dele sai a própria escolha da atividade, em vários casos.

O interessante é a ênfase no agora; posso começar a estudar ou treinar para algo, mas minha ênfase é no processo, no durante. E não necessariamente em resultados positivos, se bem que isso acaba aparecendo como consequência em alguns casos.

Portanto, podemos dizer que entre passado/presente/futuro, a ênfase é no presente. Passado não deve ser esquecido, se não nada se aprende, há ingenuidade por exemplo; e se o futuro é esquecido, as coisas na maioria das vezes perdem o sentido, perdem a razão, o "devir" não existe mais, presente transformando-se em futuro constantemente - e vice versa - é deixado de lado e a realidade torna-se distorcida, pelo menos através da visão racional.

Sem o passado ou o futuro - apesar de considerados abstratos - o homem tende à irracionalidade. Aquela dialética que permeia à existência, o tempo; desaparece tudo parece estático. É mais ou menos assim que sente-se o animal, sem a projeção do futuro e o aprendizado objetivo do passado.

Então, o carpe diem racional - que tem em vista estes aspectos - trás um tipo de subjetividade, é em parte pós-moderno, por causa da ênfase no "agora" e em parte moderno, com a característica do devir em vista.
Talvez o mundo contemporâneo precise "aproveitar mais" as coisas e ter o sentido de devir em mente também.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Conservadorismo

"Quando tudo está na mais completa harmonia e ocorrendo como esperado, e acontece algo que vai de encontro com isso, e sua atitude é combater, ir contra ou negar."
Isso poderia ser uma forma de descrever ou colocar o conservadorismo na prática.
Mas qual poderia ser sua origem?
De onde pode vir a motivação de se evitar mudanças e manter as coisas como estão?
Medo do desconhecido? Comodidade ou confortabilidade?
Eu acho que tudo isso está relacionado com fraqueza.
O ser humano que é conservador deve ser inicialmente fraco para tal (e eu não quero ser conservador nesta opinião, mas aceitar "anomalias à regra"; portanto a maioria; probabilisticamente deve seguir este padrão).

Mas quem deseja conservar sua situação?
Quem deseja conservar, pretende conservar a pobreza, a miséria existente? - Quem se beneficia indiretamente com isso provavelmente deseja conservar isso.
Mas sobre o resto, devia ser unânime, para os que guardam qualquer sentimento de compaixão, que suas atitudes não deviam ser para se conservar, mas em direção da mudança. E as discussões seriam diferentes, verificaríamos de qual maneira a mudança seria melhor, e poderíamos chegar à debates dos métodos marxistas, anarquistas, por exemplo. Se a mudança ocorreria subitamente ou gradativamente, através de reformas ou de revolução; etc.
E não faríamos essas discussões que não levam a muitos lugares (quando há o conservadorismo extremo) já que não há a procura de mudanças e simplesmente reprodução do que já existe.

O sentimento conservador é contraditório com a própria natureza, por exemplo quando consideramos a essência dialética das coisas.
O sentimento conservador nãó é compatível com nosso mundo em constantes mudanças, e suas relações dialéticas.
Ora, nossos próprios pensamentos são dialéticos, citando Hegel e Freud por exemplo.
Hegel que veio antes, trabalhou bastante sobre a dialética (apesar de idealista, o que para alguns era estranho); ele dizia que nossos pensamentos e tudo, o desenvolvimento, são relacionados a partir da fórmula, tese-antítese-síntese (sendo que a síntese torna-se uma nova tese e assim em diante).
E Freud nos diz que nossos pensamentos seguem a estrutura do Id, Ego e Superego, portanto também dialética, conflituosa.

Eu acho que a dialética torna-se mais importante nos tempos atuais com a discussão sobre a pós-modernidade por exemplo (onde consideram que as utopias e as teorias ditas totalizantes foram quebradas). A dialética pode ser considerada com viés totalizante, mas a sua mutabilidade encaixa-se tanto com a modernidade, quanto com a pós-modernidade, por causa da constante contradição entre as coisas.
Interessante pensar que a dialética socrática e a marxista (nascida da hegeliana) estão intimamente associadas com mudanças, não?

E com isto voltamos; porque a conservação das coisas?
Por que nas discussões, a opinião, mais bem aceita, a do senso comum, tende a ser conservadora?
As idéias dominantes são sempre as da classe dominante, influenciada fortemente pelas relações sociais e de produção, mas justamente pela dialética, - uma dinâmica - não é necessariamente determinista, porque senão não haveria sequer alguém como eu pensando nessas bobagens.
Mas a ênfase que dou é no incentivo ao pensamento crítico que tem como melhor consequência, a emancipação do homem.
E tudo isto inicia-se no simples acompanhar de águas do mundo, na dialética, e mais simples ainda, na mudança.