quarta-feira, 8 de julho de 2009

Subjetividade na Racionalidade

Inicialmente, quero separar essa dualidade das comumentes associadas "mente X coração" e "paixão X razão"; porque essas; apesar de se ligaram com a dualidade maior, tomam uma pequena parte da questão e por isso a igualdade não vale; mas em termos gerais podemos considerá-las.

Vou tentar dar nome aos participantes.
A racionalidade deve ser o termo mais simples de divagar. E a racionalidade seria o método - no sentido de ferramente de análise - em que há ênfase na razão.
O pensamento racional, sem dúvida, faz parte do ser humano. Pela teoria da evolução vemos a formação do homo sapiens, em termos gerais, principalmente por causa do crânio e seu respectivo cérebro. Isso pode soar abstrato, mas a intenção é apontar o ínicio da questão.
E a subjetividade? Talvez ela tenha surgido com as coisas que o ser humano não explicava, como os fenômenos naturais, dando origem à mitologia; e também talvez até com os sentimentos, iniciando idéias metafísicas como o amor por exemplo.
Não quero dizer que toda subjetividade seja uma resposta à racionalidade, tentando substituir o papel da ciência e etc., mas que com a subjetividade, houve a criatividade e também, como se não houvesse somente a racionalidade, algo além.
Já deu para perceber o que sinto de complicado só de tentar explicar o assunto né?

Enfim, onde quero chegar é atualmente, obviamente, depois do Iluminismo, da Idade Moderna; onde o espaço da racionalidade só cresceu.
E onde fica a subjetividade nos tempos atuais? (considerado pós-modernidade para alguns).
Com a tecnologia e ciência, a mitologia/religião perdeu bastante de sua força. A idéia do amor e dos sentimentos também ficou relativamente fraca; com a biologia e psicologia tomando seu lugar.
Longe de fazer apologia à religião, porque esse assunto é complexo, mas somente a questão da subjetividade.

Talvez a subjetividade tenha sobrevivido através da arte.
A arte incorpora inúmeros aspectos da subjetividade, e é quase impossível desassociá-los; apesar de haver discórdia entre alguns, e até artistas com movimentos de expressão específicos fazendo isso.
Talvez a questão se pareça com algo já apresentado por Nietzsche (crítica da racionalidade).
Mas e como fica a subjetividade? Incorporada na arte? E será que a arte também pode ser ameaçada pela racionalidade e nós partirmos para um Admirável Mundo Novo?

A racionalidade de fato trouxe inúmeras vantagens, mas talvez uma desvantagem evidente seja a carência da subjetividade. Esse é o maior ponto na minha opinião. Mas talvez nos termos do ínicio do texto, racionalidade e subjetividade sejam uma dualidade; diferentes mas essenciais no conjunto.
Pelo que mostrei, a racionalidade tem muito mais espaço do que o subjetivo, por isso a apreensão de sumir.
Eu gosto de pensar como Schopenhauer quando analisa a estética, e diz que esta, a arte, não tem relação com os princípios racionais, chamados princípios de razão por ele. Embora ele chame a estética, ligando-se a essência do mundo, por si só, sem nenhuma interferência, como objetividade, mas isto não vem ao caso.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Status

Desde quando uma roupa ou algum objeto propriamente dito, diz tanto sobre uma pessoa que é quase sustentável por si só, como base de algum julgamento? Acho que existe análise através de probabilidade, que não considera por si só, porque leva em conta o erro; e existe a velha história capitalista que reduz a vida da pessoa aos objetos que ela possui.
Quero dizer que os objetos não são necessariamentes tão determinantes, mas que obviamente possuem alguma ligação com o usuário.
Há o problema do julgamento, muitas vezes determinista destes casos, e ao mesmo tempo do outro lado há as pessoas que perdem suas identidades e constroem-na com as posses.
Por exemplo, quando as pessoas perguntam para as outras "quem elas são?" a resposta muitas vezes envolve seu trabalho/ocupação, e seus objetos até. Então quer dizer que os trabalhos, etc. precedem eles, e a própria existência deles?
Talvez seja como Sartre, quando diz que nossa existência precede nossa essência. Primeiro nós surgimos para depois tornarmos sujeitos.
Não deveria ser nosso trabalho ou nossas posses que diriam sobre a gente, mas nós, os sujeitos antes surgidos.
Não é como se o trabalho escolhesse nossa pessoa à certo ponto do caminho, mas nós sujeitos antes, que escolhemos tais.
O nosso trabalho teoricamente é consequência do que se formou do nosso ser. Primeiro nós somos para depois trabalharmos. Nossas posses, teoricamente são efeitos da causa primária que seriam nós mesmos.
Vale ressaltar o porquê do uso do "teoricamente".
Na sociedade capitalista existe um fetiche sobre a mercadoria, existe uma ênfase muito grande à imagem e também existem ideologias dominantes.
Então ao invés da pessoa ser para depois escolher, ela carece do "ser", e transfere a identidade ao objeto, prezando à imagem, o espetáculo, independente de qualquer coisa. Pelo mesmo motivo de carecer do "ser", ela acaba convencida que o que a ideologia dominante lhe indica é o que realmente quer, e então alienação.
E por que as pessoas carecem do "ser"?
O que lhes falta? O que acontece?

Acontece que faz parte do sistema.
As pessoas não podem ser completamente livres, porque isso vai contra a manutenção do sistema.
E quase como um mecanismo de defesa, de preservação do sistema. E ele tem de ser sutil, as pessoas não podem perceber isso explicitamente e por si só. Imagina se isso acontece? O que haveriam de loucos irresponsáveis perseguindo a liberdade? O que haveriam de lunáticos que trariam para discussões, novos e aperfeiçoados sentidos da palavra Revolução?

Patéticos.

E essa história do status, também podemos dizer, preserva o famoso espírito competitivo que é essencial à natureza capitalista.
Claro que temos de competir! Nós não somos iguais, não pertencemos a uma mesma classe, ou talvez, nem partilhamos de uma essência existencial!

Nossa própria existência gera a nossa decadência!