domingo, 13 de outubro de 2013

Adeus despedida

O rapaz estava passando pelos meses mais individuais de um ano que foi muito coletivo. Em linhas gerais foram dois momentos: um relacionamento em que sentia que sua vida estava sendo doada em prol de outra pessoa, e depois uma movimentação política, se fazendo valer em prol de tantos outros.

No primeiro momento, vivendo intensamente em um sentido teórico. Acreditava fielmente naquilo que dizia e naquilo que o movia. Se sentia bem e feliz com isso. Seus planejamentos futuros todos giravam em torno disso. Até que a vida aconteceu para os dois e a incompatibilidade foi-se fazendo cada vez mais aparente. A garota acreditava que o que viveu era falso; e ele acreditou que viveu algo verdadeiro atoa; ambos saíram enjoados.

Já no segundo momento, voltou a exaltação da colocação teórica. Só que o campo a ser aplicado deixou de ser puramente filosófico para também encontrar a sociologia e ciência política. Tudo girava em torno disso e só fazia sentido acreditar fielmente nisso. Eram pensamentos e ações voltados para um planejamento futuro muito concreto; muito parecido com aquele momento anterior.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Aquilo que não se diz

O rapaz vivia sua vida cotidiana fazendo suas ações de forma medíocre, enquanto dentro de sua mente se deixava viajar e transformar realidades. Ali era um espaço que ninguém perturbava e ele era livre.

Para ele tudo era muito internalizado e somente ali parecia que as coisas em geral ganhavam força e eram mais belas do que nunca. Como já dizia um pensador alemão, ficar sozinho com os próprios pensamentos era algo para poucos afortunados desta vida. Muitos passam uma vida fugindo dessa experiência enquanto ele parecia querer isso mais do que tudo.

Desta forma, a interação social era algo mais difícil de se experimentar, para ele. Todo gesto, toda palavra, todo detalhe ao qual ele não se atentava falando para si próprio, tornava-se tão ou mais importante ao interagir com um outro alguém.

sábado, 18 de maio de 2013

Reticências

Desde que o rapaz começou a se formar como ser pensante e as responsabilidades do mundo foram caindo sobre ele, foi percebendo a fugacidade da vida e o sentido que temos que dar à ela. Assim, foi tendo contato com livros e livros em uma esperança inicial de aprender, mas também de entender o mundo, através da Sociologia e da Filosofia por exemplo. É aquela sensação de que estamos desbravando a selva e no fim encontraremos aquele tesouro tão cobiçado por todos. Uma essência intacta das coisas.

Aos poucos a existência foi começando a tomar um corpo objetivo e as discussões tinham um propósito maior. As argumentações ficavam cada vez mais concisas e concretas e as conversas falavam sobre ações, condições e resultados. Era tudo muito orgânico dentro deste contexto, mas ainda faltava uma vida a pulsar nestas palavras que saiam dos papéis amarelados do sebo.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

A beleza dos dois lados da rua

Aquele dia eu acordei com uma sensação estranha. De início ela parecia inocente e como uma dor de corpo, um mau jeito, que teria sido causado durante o sono e iria embora assim que as primeiras horas passassem. Mas não foi bem isso o que houve.

Logo cedo depois de me arrumar para sair de casa não estava mais pensando nesta sensação, mas não se passaram mais do que 10 minutos após sair que o sentimento começou a reaparecer. No caminho diário que faço pelas ruas da cidade me deparava mais e mais com ele, e eu não sabia de onde poderia ter surgido tal desconforto.