domingo, 5 de julho de 2015

Do breve interlúdio

Essa é uma tentativa, uma proposta limitadora. Você, se encontrou e conversou comigo e em uma conversa dessas sérias que a gente fala sobre sentimentos, me fez um desafio, uma tentativa. Escrever nem que seja um parágrafo sobre você. Mas o que é um parágrafo?

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Misantrópico no Limbo

Quando um projeto artístico surge, acontece um certo acordo entre as partes, como se fosse a união temporária por um objetivo único: seja a realização de uma peça, um filme, uma banda ou etc. Como um projeto coletivo, as vezes é difícil imaginar essa união acontecendo sem problemas que as diversas individualidades geram quando entram em contato.

Então inicialmente, espera-se que essa parceria vá acontecer com pessoas com afinidades mínimas. Foi considerando isso que o rapaz estava pensando em quem poderia chamar para participar da gravação do seu próximo curta-metragem. Ele estava ansioso porque nesta noite apresentava o último curta-metragem que havia feito (que também era o primeiro). Ele, uma pessoa introvertida e as vezes misantrópica, havia realizado uma “pequena abertura para o mundo” ao fazer um curta que tem a intenção de tocar outras pessoas. A vontade de fazer o próximo, indiretamente, era uma vontade de se manter neste fluxo de fazer arte e de se manter aberto.

quarta-feira, 2 de julho de 2014

A cidade e as divisas

AS CIDADES
Apesar de compartilharem o espaço geográfico através da divisa que as separam, as duas cidades são bem distintas. Uma delas é grande e metropolizada, enquanto a outra, menor, é ruralizada.

Na primeira, o setor industrial era altamente produtivo, a política extremamente institucionalizada e o planejamento cada vez mais direcionado através da pesquisa. Todo o sustento desta cidade estava através do pensamento racional e todas as suas certezas. 

Já na menor, a relação dos cidadãos era diferente, a começar pelo seu tamanho, que movimentava uma economia menor. Para alguns isso já seria referência para um sentimento negativo, mas pelo contrário, apesar de a tecnologia não ter se desenvolvido em todas as suas características, as pessoas tinham outros hábitos. Famílias que levavam as crianças para brincar na rua, avós que conversavam nos parques, pais que andavam de bicicleta, etc.

domingo, 13 de outubro de 2013

Adeus despedida

O rapaz estava passando pelos meses mais individuais de um ano que foi muito coletivo. Em linhas gerais foram dois momentos: um relacionamento em que sentia que sua vida estava sendo doada em prol de outra pessoa, e depois uma movimentação política, se fazendo valer em prol de tantos outros.

No primeiro momento, vivendo intensamente em um sentido teórico. Acreditava fielmente naquilo que dizia e naquilo que o movia. Se sentia bem e feliz com isso. Seus planejamentos futuros todos giravam em torno disso. Até que a vida aconteceu para os dois e a incompatibilidade foi-se fazendo cada vez mais aparente. A garota acreditava que o que viveu era falso; e ele acreditou que viveu algo verdadeiro atoa; ambos saíram enjoados.

Já no segundo momento, voltou a exaltação da colocação teórica. Só que o campo a ser aplicado deixou de ser puramente filosófico para também encontrar a sociologia e ciência política. Tudo girava em torno disso e só fazia sentido acreditar fielmente nisso. Eram pensamentos e ações voltados para um planejamento futuro muito concreto; muito parecido com aquele momento anterior.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Aquilo que não se diz

O rapaz vivia sua vida cotidiana fazendo suas ações de forma medíocre, enquanto dentro de sua mente se deixava viajar e transformar realidades. Ali era um espaço que ninguém perturbava e ele era livre.

Para ele tudo era muito internalizado e somente ali parecia que as coisas em geral ganhavam força e eram mais belas do que nunca. Como já dizia um pensador alemão, ficar sozinho com os próprios pensamentos era algo para poucos afortunados desta vida. Muitos passam uma vida fugindo dessa experiência enquanto ele parecia querer isso mais do que tudo.

Desta forma, a interação social era algo mais difícil de se experimentar, para ele. Todo gesto, toda palavra, todo detalhe ao qual ele não se atentava falando para si próprio, tornava-se tão ou mais importante ao interagir com um outro alguém.

sábado, 18 de maio de 2013

Reticências

Desde que o rapaz começou a se formar como ser pensante e as responsabilidades do mundo foram caindo sobre ele, foi percebendo a fugacidade da vida e o sentido que temos que dar à ela. Assim, foi tendo contato com livros e livros em uma esperança inicial de aprender, mas também de entender o mundo, através da Sociologia e da Filosofia por exemplo. É aquela sensação de que estamos desbravando a selva e no fim encontraremos aquele tesouro tão cobiçado por todos. Uma essência intacta das coisas.

Aos poucos a existência foi começando a tomar um corpo objetivo e as discussões tinham um propósito maior. As argumentações ficavam cada vez mais concisas e concretas e as conversas falavam sobre ações, condições e resultados. Era tudo muito orgânico dentro deste contexto, mas ainda faltava uma vida a pulsar nestas palavras que saiam dos papéis amarelados do sebo.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

A beleza dos dois lados da rua

Aquele dia eu acordei com uma sensação estranha. De início ela parecia inocente e como uma dor de corpo, um mau jeito, que teria sido causado durante o sono e iria embora assim que as primeiras horas passassem. Mas não foi bem isso o que houve.

Logo cedo depois de me arrumar para sair de casa não estava mais pensando nesta sensação, mas não se passaram mais do que 10 minutos após sair que o sentimento começou a reaparecer. No caminho diário que faço pelas ruas da cidade me deparava mais e mais com ele, e eu não sabia de onde poderia ter surgido tal desconforto.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

"O dia que o mundo foi embora"

Um fim de tarde de domingo é um momento em que não esperamos muito dos acontecimentos, em que tudo parece deslizar-se suavemente até que o dia acabe e comece mais uma semana, como se o presente fizesse sentido dentro da sequência do dia. Mas aconteceu que neste mesmo contexto houve uma mudança uma semana dessas, e levando a vida como se levava até então, senti algo diferente.

Terminado de assistir o filme - que eu já havia visto - que concluía no fim que apesar da vida dura, triste e ambígua de significado o que acaba sobrando é uma tentativa de direção que podemos dar à nossa vida com o amor, me deparei com uma sensação que talvez eu já tivesse encontrado mas que naquele momento tomava proporções maiores.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

"O fio que segura"

Ele se perguntava se era capaz de sentir algo quando via uma pessoa próxima dele sofrendo, chorando, passando por coisas que atormentam a alma, coisas que para ele pareciam indiferentes ou completamente afastadas de sua realidade.

Essa questão dificultava sua interação social que para ele as vezes era baseada na "imitação de gestos alheios". Não sabendo o que fazer em determinado momento que exigia alguma troca subjetiva, ele simplesmente procurava lembrar que situação ele já havia visto e que ações poderia aproveitar para a sua própria situação.

Acabava que isso se mostrava como uma evidência, para os que observavam, de que parecia ser antipático, quando na verdade ele se esforçava para encontrar o significado verdadeiro da palavra "simpatia" sendo o que mais queria era poder sentir o sentimento do outro, mas isso era demasiado abstrato quando se deparava.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

"A reclusão esquecida"

O homem era recluso e não tinha tempo para diversões, vivia achando que estas faziam perder o tempo e que o sentido de sua vida se remetia sempre a livros e atividades introspectivas. Para ele toda atividade que se envolvia com um quê de "social" acabava expondo algumas fraquezas que ele poderia apresentar ou coisas que lhe incomodavam profundamente.

No dia-a-dia sua rotina consistia em caminhar pela manhã antes do trabalho, e após, suas noites se revezavam entre leitura, escrita, relaxamento e por ai vai, tudo era bem cronometrado. Até que inspirado por um filme que mostrava um personagem muito diferente dele próprio, resolveu usar o olhar crítico e clínico que tanto praticava nas pessoas ao redor, em si mesmo.