segunda-feira, 29 de agosto de 2011

"Despertar do sono"

Eu estava passando por uma fase que não sabia bem porque não via mais sentido em dormir. Era muito fácil me fazer ficar acordado, as vezes ia acontecendo, como o dia que depois de uma longa série de compromissos eu voltei para casa e ao invés de dormir logo em seguida, fiquei acordado.

Ficava acordado e as vezes esquecia de adormecer, quando via era obrigado a parar de fazer o que estava fazendo porque se ficasse mais um pouco lá era capaz de não dormir e envolver um dia no outro sem transição. Existia uma energia que me impulsionava a fazer as coisas uma atrás da outra e eu ia acompanhando-a.

Até que apareceu o momento que sem reparar havia passado uma hora sem que eu tivesse feito nada, como se eu tivesse dormido sem saber. E esse episódio voltou a acontecer e eu ia sentindo um forte sono nos mais diversos lugares. Nas viagens de ônibus, nas sessões de cinema, até em conversas com amigos que antes me animavam.

Parecia que eu perdia momentos da minha vida, que os dias iam passando mais rápidos e que não eram demorados como no momento anterior. Passei de ter insônia para ter um sono excessivo, e eu procurava pelos motivos.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

"Dança comigo?"

Chegava o fim de semana, depois de dias corridos e cheios de prazos e profissionalidades que exigiam o mais alto caráter frio nas pessoas, para nos apresentar a chance de se aproximar com o próximo, de estreitar laços e evitar a frieza cotidiana.

Eu não sabia bem como começar e chamava uns amigos para conversar, tomar café, as piadas apresentavam risadas tão intensas que representavam esse calor que ia surgindo, mas que se limitadas às meras risadas por si só davam um ar de "falta algo".

Até que surgiu a ideia numa casa de shows durante a apresentação de um grupo musical, de se deixar levar pela música, de ser impulsivo, de expressar o sentimento de calor, antes escondido no dia-a-dia, através dos movimentos da dança. Não uma dança pormenorizada mas sim uma expressão realmente visceral, sem movimentos precisos e as vezes até caóticos. 

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

"O abrir de uma flor"

A primeira vez que a vi eu devo ter agido estranho porque foi um susto. A pessoa que trabalhava atendendo as pessoas no seu lugar era um rapaz que eu sabia quem era e conhecia, mas depois de umas semanas ele havia saido do emprego dando lugar à esta nova pessoa que apareceu sem avisar.

Depois da surpresa inicial, deu tempo de respirar um pouco e tentar ver quem era essa pessoa. A primeira curiosidade que chamava atenção era seu cabelo loiro, seus olhos claros e sua aparência que ofuscava, em que outros logo entenderiam que se tratava de uma pessoa extrovertida, altamente sociável e talvez superficial, como indicavam o clichê do senso comum de uma pessoa bela.

Foi nas primeiras palavras que percebi que isso se tratava de um erro considerável, que pelo contrário, ela participava da quebra desses conceitos pré-estabelecidos só que de uma forma sutil que só percebiam de verdade aqueles que parassem e prestassem atenção, porque era algo íntimo. E foi o que resolvi fazer, parar e prestar atenção nos seus gestos, nas suas visões e nas suas palavras. Diferente daquele senso comum que só ia olhá-la eu resolvi ouví-la.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

"O desperdício"

Quando ele a conheceu, já sabia quem ela era, tinha uma certa opinião formada mas também estava aberto à deixar que os fatos mostrassem o contrário. Ele havia conhecido ela pela internet através de um blog pessoal que mantinha, o que o fez sentir "invadindo" a privacidade que ela tornava pública através da subjetividade.

Ela, já não sabia quem ele era e o fato de ele ser amigo de amigos aparecia para ela como uma possibilidade grande de confiança. Ela entendia que o rapaz que os amigos conheciam há anos não teria muito motivo para desconfiança porque parte de sua vivência, de sua formação foi compartilhada com os amigos dela, assim, os aproximando.

Aconteceu que o rapaz por ter esse contato prévio dela e seus pensamentos, já imaginava algumas características do caráter dela e também não se imaginava conversando com ela, afinal ele havia montado a personalidade na cabeça dele achando que ela fosse "real" antes mesmo de a conhecer. Mas passaram-se os dias e os acontecimentos procederam que ambos começaram conversar, surpreendendo o rapaz.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

"De mãos dadas"

Em termos de relacionamentos eu nunca tive muita experiência ou contato com o tema. Então foi algo diferente a primeira vez que estive com alguém, depois que os outros garotos já haviam passado por isso, eu ainda estar dando os primeiros passos. Aquelas dúvidas sutis de iniciantes pareciam inocentes as vezes, mas no fundo existia uma crítica que estava para ser formada e confrontada.

A garota era do nível de amiga, em que trocávamos brincadeiras e risadas o tempo todo e no instante em que estávamos juntos um podia contar com o outro. E como tudo na vida, aconteceu que eu fui gostar dela sem saber. Ela era bonita e engraçada, e eu não achava que uma pessoa precisava ter muito mais do que isso para atrair, e justamente, estava completamente atraído.

Quando eu resolvi ser sincero e mostrar o que se passou na minha cabeça, ela achou estranho mas como não havia reciprocidade acabou ficando por isso. Então depois de algumas semanas chegou o momento de isso voltar pra minha cabeça - quando eu já havia esquecido - quando ela resolveu me ver com outros olhos. O sentimento que eu havia deixado resolveu voltar e então aos poucos me abri.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

"O segundo impreciso"

Quando eu a chamei para conversar, estava silencioso. A falta de barulho ajudava na produção de novas perguntas e ideias que iam surgindo e passeando pela cabeça. Olhando pela janela dava para sentir que naquele momento a cidade dormia, todos com seus dias desgastantes e que procuravam seu momento de alívio, encontravam nesse silêncio devorador o momento apropriado para descansar e dormir para se preparar para um novo dia. Mas meu dia não ia acabar assim.

Comecei a conversa com coisas cotidianas mas no fundo eu só queria saber como ela estava, se estava tudo bem, porque do contrário, isso poderia levar a preocupações. Depois de palavras e brincadeiras, chegamos até a questionamentos sobre a vida e a morte. Ela não sabia bem o que fazer da vida, tinha dúvida sobre seu futuro próximo e distante, mas talvez tudo estivesse assim porque coisas próximas dela haviam alterado essa percepção objetiva para uma confusão distorcida das coisas. Na falta de direção ela se expressava com palavras.