sexta-feira, 3 de julho de 2009

Status

Desde quando uma roupa ou algum objeto propriamente dito, diz tanto sobre uma pessoa que é quase sustentável por si só, como base de algum julgamento? Acho que existe análise através de probabilidade, que não considera por si só, porque leva em conta o erro; e existe a velha história capitalista que reduz a vida da pessoa aos objetos que ela possui.
Quero dizer que os objetos não são necessariamentes tão determinantes, mas que obviamente possuem alguma ligação com o usuário.
Há o problema do julgamento, muitas vezes determinista destes casos, e ao mesmo tempo do outro lado há as pessoas que perdem suas identidades e constroem-na com as posses.
Por exemplo, quando as pessoas perguntam para as outras "quem elas são?" a resposta muitas vezes envolve seu trabalho/ocupação, e seus objetos até. Então quer dizer que os trabalhos, etc. precedem eles, e a própria existência deles?
Talvez seja como Sartre, quando diz que nossa existência precede nossa essência. Primeiro nós surgimos para depois tornarmos sujeitos.
Não deveria ser nosso trabalho ou nossas posses que diriam sobre a gente, mas nós, os sujeitos antes surgidos.
Não é como se o trabalho escolhesse nossa pessoa à certo ponto do caminho, mas nós sujeitos antes, que escolhemos tais.
O nosso trabalho teoricamente é consequência do que se formou do nosso ser. Primeiro nós somos para depois trabalharmos. Nossas posses, teoricamente são efeitos da causa primária que seriam nós mesmos.
Vale ressaltar o porquê do uso do "teoricamente".
Na sociedade capitalista existe um fetiche sobre a mercadoria, existe uma ênfase muito grande à imagem e também existem ideologias dominantes.
Então ao invés da pessoa ser para depois escolher, ela carece do "ser", e transfere a identidade ao objeto, prezando à imagem, o espetáculo, independente de qualquer coisa. Pelo mesmo motivo de carecer do "ser", ela acaba convencida que o que a ideologia dominante lhe indica é o que realmente quer, e então alienação.
E por que as pessoas carecem do "ser"?
O que lhes falta? O que acontece?

Acontece que faz parte do sistema.
As pessoas não podem ser completamente livres, porque isso vai contra a manutenção do sistema.
E quase como um mecanismo de defesa, de preservação do sistema. E ele tem de ser sutil, as pessoas não podem perceber isso explicitamente e por si só. Imagina se isso acontece? O que haveriam de loucos irresponsáveis perseguindo a liberdade? O que haveriam de lunáticos que trariam para discussões, novos e aperfeiçoados sentidos da palavra Revolução?

Patéticos.

E essa história do status, também podemos dizer, preserva o famoso espírito competitivo que é essencial à natureza capitalista.
Claro que temos de competir! Nós não somos iguais, não pertencemos a uma mesma classe, ou talvez, nem partilhamos de uma essência existencial!

Nossa própria existência gera a nossa decadência!

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