terça-feira, 9 de março de 2010

Pensar-Livre

"Onde estão as utopias? Onde estão os ideais?"
Sim, nós vivemos em uma época histórica-social específica.

Muitos vão afirmar que esta pós-modernidade de indivíduos fragmentados, de teorias totalizadoras desconstruídas é determinante a ponto de não podermos mais esperar mudanças, não acreditarmos na humanidade, haver um individualismo exacerbado e alguma preocupação superficial com o coletivo.
Acontece que concordar com a pós-modernidade não é aceitar e apoiar a situação, mas entender a "crise" da sociedade.
Existem pessoas que vão dizer que os ideais atuais são outros, e portanto não há uma crise, as referências são completamente outras. Mas o questionamento que sempre impulsionou a raça humana à frente está diferente e é este o fundamento que gostaria de trabalhar.
O primeiro conceito que deveria ser ensinado à uma pessoa deveria ser o "por quê".
As crianças geralmente fazem isso, mas não tem noção da importância disto, e quando ainda esbarram em "assuntos-que-não-devem-ser-tocados" são desencorajadas à questionar e as vezes repreendidas. Figuras de autoridade de instituições como Família, Estado e Escola (talvez a melhor cotada para aberturas) sempre participam deste processo que vou chamar de "assassinato de espírito". Onde o questionamento pode ser sufocado e/ou desencorajado.
Uma das principais bases da Filosofia e pensamento ocidental veio de Sócrates.
E sua idéia principal, o questionamento, a dialética, o seu método, permanecem como referências.

Imaginse-e caminhando na Grécia Clássica e sendo abordado por um sujeito não reconhecido pela sua beleza e ele inicia uma conversa com você. A primeira vista ele cruzou sua linha de intimidade porque ele começa a tocar em algum assunto que é de certa forma pessoal.

Talvez você fique desconcertado, afinal um estranho te abordando com a pergunta "O que é Justiça?" te incomode.

Você também nunca teve tempo para pensar sobre isso, não vai ser agora que isso vai mudar. Levando em conta tudo isso, você dispensa-o. Mas pega-se lembrando deste fatídico dia.

As pessoas deveriam questionar mais. Em cada detalhe, não podemos esquecer de sempre considerar o "porquê" das coisas, seja para afirmá-las, ou seja para negá-las.
Desta forma procuramos levar uma vida mais autêntica, seja intelectualmente com Sócrates, ou através de nossas escolhas e atos com Sartre.
Sartre trabalha com a idéia de que em cada escolha nos engajamos e afirmamos esta escolha para todas as pessoas. Por isso um intenso questionamento e senso de responsabilidade são exigidos, afinal carregamos o "peso do mundo em nossas costas".
Mas se você é como alguns, deve estar pensando que tudo isso soa muito "limpinho" e impraticável.
Quer dizer que absolutamente ninguém consegue aproximar-se disto? Se sim, isso inclui você. E de onde vem essa idéia de que você não é capaz de algo?
O problema são as referências. Se as pessoas mesmo que não alcançando esses níveis de questionamento, tem esses ideais como referências, é ótimo.
A partir daí, elas vão admitir erros, vão saber para onde estão direcionadas, estarão sempre em busca daquilo "limpo" mas que como norteador de ações é perfeito, aliás, é sua razão de ser (em nossas condições atuais).
Mas isso não acontece. Há algum tipo de estagnação.
As pessoas são capazes disso, mas não o fazem.
E para essa triste questão cito um questionamento do filme Waking Life:

" ... O hiato, entre vamos dizer, Platão ou Nietzsche e o humano mediano, é maior do que o que há entre o chimpanzé e o humano mediano.

O nível verdadeiro espírito, do verdadeiro artista, do santo, do filósofo, é raramente atingido.

Por tão poucos?
Por que a História e a evolução não são histórias de progressos, mas uma interminável e fútil adição de zeros?
Nenhum valor maior se desenvolveu.

Ora, os gregos, há 3.000 anos, eram tão avançados quanto somos hoje.
Que barreiras são essas que os impedem as pessoas de alcançarem, minimamente seu verdadeiro potencial?
E a resposta para esta pergunta se encontra em outra pergunta, que é esta...

Qual a característica humana mais universal?
O medo ou a preguiça? "

Um comentário:

  1. vou digerir, depois volto. rs.
    mas já dá pra dizer que gostei bastante!

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