quarta-feira, 9 de março de 2011

"Abra sua porta"

O rapaz era daqueles que levava sua vida como se fosse a coisa mais simples a se fazer. Como se viver era algo que não precisasse pensar, que não havia problemas e que só existia confusão quando lhe eram dadas duas coisas das quais ele não sabia decidir entre elas.
Até que então ele ouviu de um conhecido o nome de um livro que lhe soava diferente e curioso, então ele resolveu ler.
Assim foi e de alguma forma depois do livro, as palavras voltavam para sua cabeça em situações que não pareciam próximas da história, mas que no fundo tinham aquela virgula que fazia as peças se encaixarem.

E ele achou graça na vida. Viu ela de forma completamente diferente a partir daí.
Começou a ler mais, e a comprar diversos livros, mesmo que esses não fossem para ler agora, mas que logo em seguida pudesse sentar e aprofundar a leitura sobre seus temas diversos. Achava que de alguma forma as respostas das dúvidas que foram se formando estariam neles.
Achava que quanto mais livros, mais da vida entenderia. Pensava que aquele livro famoso daquele autor estrangeiro lhe faria entender os modos com que a cabeça trabalhava.
Então foi que se deparou com o amor e não conseguiu entender.


Ele não sabia de onde veio e para onde vai o amor, tentou classificá-lo, mas ele beirava todos as abordagens.
Então foi que procurando em diversos livros, achava cada vez mais palavras sobre aquele assunto que cada vez mais era obscuro.
A vida então começou a desandar e ele não sabia mais para onde olhar, os livros que lhe mudaram a perspectiva de vida, fizeram ele chegar em um local sem saída.
Sem saber para onde ir, resolveu andar por aí, achando que o ambiente urbano trouxesse alguma calma.

Foi então que sentado na praça enquanto o movimento de pessoas baixava e o sol se punha que começou a ficar mais cansado e achando que já tinha passado da hora de voltar para casa, resolveu então levantar.
No ponto de ônibus ele teria que ficar esperando pela sua linha que iria demorar mais uns quinze minutos, segundo aqueles que habitualmente esperavam por lá disseram. Foi se entreter com as propagandas dos cartazes e o ônibus chegou antes do esperado.

Quando subiu e sentou, percebeu que uma voz que ouvia parecia ser conhecida. Era uma pessoa que tinha descido no mesmo ponto que subiu, e tentou de várias formas olhar pela janela para saber se era alguém que não via há um tempo, mas as pessoas ficavam na frente, e estava de noite, e o ruído das demais conversas e do motor do ônibus pioraram a situação toda.
O transporte partiu e ele se esforçou para enxergar por uma fresta quem seria essa pessoa, mas estava muito longe.
Ai sentou e teve uma súbita vontade de chorar. Não sabia porquê.
Achava que o difícil era classificar o amor verdadeiro, mas descobriu que o mais difícil era encontrá-lo.

Um comentário:

  1. Você já sabe que gostei desse, né? Mas agora vou ler o resto ;)
    Thaís (esse bloger não me deixa postar com a conta do google grrrrr)

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