domingo, 5 de julho de 2015

Do breve interlúdio

Essa é uma tentativa, uma proposta limitadora. Você, se encontrou e conversou comigo e em uma conversa dessas sérias que a gente fala sobre sentimentos, me fez um desafio, uma tentativa. Escrever nem que seja um parágrafo sobre você. Mas o que é um parágrafo?

Um parágrafo é um espaço de expressão, circunscrito para organizar as palavras e pontuações com a intenção de demonstrar uma ideia. E como organizar as palavras para a ideia de Você? Imagino que esse desafio começa fracassado por isso. A gente não consegue resumir as coisas assim, ou melhor, até tenta, mas sabe que ele é incapaz. É incapaz de dar conta de tudo o que passa, primeiro sobre o que eu, em minha subjetividade parcial, pensei que posso ter me deparado em relação com a sua. Nesse sentido já é incapaz, mas em frente, me deparo com o seu subjetivo daí. Seus gestos, seus pensamentos, seus olhares. Suas piadas e brincadeiras. Seu brilho no olhar. Se isso tudo já é incapaz de expressar o seu subjetivo, imagina a dificuldade de apreender isso a partir da minha experiência com a realidade? De tudo aquilo que diz e que ouço, de tudo aquilo que eu olho e você sente. Das coisas pequenas e das coisas encostadas. Dos pequenos gestos, das excitações, das euforias, das preocupações, das mãos passadas nas mãos, das tentativas de expressar uma ideia, das discussões filosóficas, das mensagens, das potencialidades das atitudes, de tudo o que implica e que não está contido em uma ação, de tudo o que está inserido em um sentimento, de todos os passos que nós demos e de todos os passos que você dará. Tudo, tudo, tudo, tudo e tudo está limitado. Dentro deste espaço do parágrafo, ele deixa de ser parágrafo, se torna linhas, e letras e pontuações. A linguagem é limitada. Deve ser por isso que a gente não deu certo né?

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